ESPECIAL - JOVENS, ÁLCOOL E DIREÇÃO - PARTE 3

11/09/2012 16:56

 

Especial - Jovens, álcool e direção - parte 3
 
 

 

 

 

 

 
 
JULHO 2007
ESPECIAL - JOVENS, ÁLCOOL E DIREÇÃO - PARTE 3
SEGURANÇA NÃO É ACIDENTE: BOAS INICIATIVAS EM OUTROS PAÍSES MOSTRAM COMO MINIMIZAR OS RISCOS A QUE OS JOVENS SE EXPÕEM NO TRÂNSITO
Se no Brasil o alto índice de mortes de jovens no trânsito é um problema alarmante, a situação não é diferente em outras partes do planeta. A cada minuto e meio, um jovem perde a vida em um acidente de trânsito no mundo - é a maior causa de morte entre indivíduos de 15 a 19 anos. Na América Latina, o Brasil só se encontra em melhor situação que El Salvador e Bolívia, únicos com taxas de morte no trânsito superiores à brasileira. A seguir, você confere sete medidas práticas que já se mostraram efetivas em outros países e que também poderiam ser implantadas por aqui. Como diz o slogan adotado pela Organização Mundial de Saúde, "segurança no trânsito não é acidente".
 
1. Aumentar a fiscalização
A legislação brasileira não deixa a desejar em relação à de países desenvolvidos: nosso limite legal de álcool no sangue, de 0,06 mg/l, é até mais rigoroso que o 0,08 mg/l permitido nos Estados Unidos. Porém, enquanto cerca de 1,4 milhão de motoristas norte-americanos são presos por ano por dirigirem alcoolizados, no Brasil sequer existem dados a respeito. "Jamais vi alguém ser parado para fazer o teste do bafômetro. Isso cria uma perigosa sensação de impunidade", afirma o pesquisador Ronaldo Laranjeira, da Unifesp. Na Austrália, a realização de exames aleatórios do bafômetro nos últimos anos reduziu em até 42% as mortes ligadas ao álcool.
2. Estabelecer restrições para motoristas recém-habilitados
Austrália, Canadá e Estados Unidos há algum tempo impuseram restrições a motoristas recém-habilitados. Parte dos estados norte-americanos e australianos adotaram tolerância zero ao álcool para portadores de carteiras provisórias. Em Connecticut, nos Estados Unidos, novatos só podem dirigir na companhia de pais ou responsáveis, até a obtenção da carteira definitiva. Em Ontário, no Canadá, recém-habilitados não podem dirigir entre meia-noite e 5 da manhã ou em rodovias com limites acima de 80 km/h. As restrições reduziram até 60% dos acidentes.
3. Diminuir o consumo de bebidas entre os jovens
Uma medida que já se mostrou eficiente em outros países é a restrição de horários e locais de compra de bebidas alcoólicas. Nos Estados Unidos, o aumento da idade legal para beber em quase todos os estados para 21 anos é apontado como um dos trunfos para a redução das mortes no trânsito. A Suécia, com a entrada na União Européia, em 1995, se viu obrigada a reduzir sua outrora rígida política de restrições à venda de álcool. O resultado foi uma retomada das mortes no trânsito de 18% em 1997 para 28% em 2002.
4. Incentivar o uso do cinto de segurança
Uma pesquisa feita entre universitários pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia revelou que 74% dos jovens não fazem uso do cinto de segurança quando estão no banco traseiro. O sociólogo Eduardo Biavati afirma que é fundamental difundir entre os jovens o hábito do uso do cinto, para motoristas e passageiros. "É preciso que esse seja um hábito quase mecânico. Se o jovem sai sem cinto às 10 da noite, não é na volta da balada que ele irá usar", diz.
5. Mudar o foco das campanhas de educação
Para Eduardo Biavati, a mensagem de beber com moderação é um grande equívoco. "No trânsito não há quantidade segura de álcool", diz. O psiquiatra Jairo Bouer concorda que é preciso repensar a forma e o conteúdo das campanhas, para que elas se aproximem mais do universo do jovem. "Precisamos encontrar uma fórmula mais eficaz de falar com esse público. Campanhas que usam imagens de acidentes, por exemplo, acabam distanciando-se do universo do jovem. Ele não relaciona as cervejinhas que bebe na balada com situações tão trágicas", afirma.
6. Investir em vias e automóveis mais seguros
Mais de 90% das mortes e ferimentos em acidentes de trânsito ocorrem em países em desenvolvimento. A redução das mortes por acidente em países desenvolvidos nas últimas décadas deve-se, em parte, à melhoria da segurança de carros e vias. No Brasil, itens como freios ABS e airbags ainda são tratados com importância secundária por montadoras e consumidores. As más condições de ruas e estradas e a falta de planejamento adequado em sua concepção também são responsáveis por promover uma perigosa disputa de espaço entre carros, motocicletas, ciclistas e pedestres.
7. Usar a tecnologia a favor da segurança
Países como Estados Unidos e Japão investem em tecnologia para segurança no trânsito. A grande aposta são os interlock devices, dispositivos que imobilizam o veículo caso o motorista esteja embriagado. Para dar a partida, é preciso primeiro realizar o teste do bafômetro; se o resultado for positivo, o carro não sai do lugar. Atualmente, 19 estados norte-americanos obrigam infratores reincidentes a dirigir veículos que tenham o aparelho - e a arcar com os custos da instalação. A tecnologia já está disponível no Brasil, mas a instalação custa cerca de 20000 reais. Outra inovação é o Intelligent Speed Adaptation, que pode ser adotado pela União Européia. O dispositivo identifica o limite máximo permitido e restringe a velocidade do carro, impedindo excessos por parte do motorista.